Tuesday, October 28, 2008

meu segundo refúgio das letras

http://artedoenigma.blogspot.com

Como já diria o TM: Sintaxe à Vontade!

psicologia reversa

Pessoas normais. Não ligo pra elas porque eu realmente não procuro por relações normais. Eu tenho preguiça de pessoas normais, de pessoas sem sal, previsíveis. O que eu gosto mesmo é de escuridão, aquela escuridão tão intensa e tão profunda que chega a causar distúrbios mentais, mas que com o tempo se ameniza, e que aos poucos abre espaço pro meu caminho, que aos poucos me dá chances de clarear seus traços. E assim como existem as pessoas que vejo passar todos os dias nas ruas, existem outras que deveriam ser dispensáveis ao meu bem estar, mas são essas que me proporcionam a adrenalina da escuridão, assim como ele... E é ele que me me faz ter ataques nervosos, que me tira o sono, que me faz tremer e perder a fome, que me faz esquecer de que desviar meus lábios dos dele é uma alternativa. É dele que eu não consigo me desvencilhar, é com ele que eu perco a fala, o chão. É dele também a minha raiva por perder o auto controle e não conseguir destravar meu olhar. Eu adoro a expectativa. Mesmo que ela não traga nada de bom. Eu adoro. Adoro aquele olhar enigmático, adoro não fazer idéia do que ele pensa. Mesmo que fique anos sem o ver, vou continuar perdendo o chão, daquela mesma forma. Porque ele definitivamente não se encaixa no grupo dos "sem sal". E principalmente porque eu não me apaixonei por ele, mesmo que ele seja a melhor escuridão que eu já conheci em todos esses anos de inconstância que vivi.

Friday, October 24, 2008

changes? changes!

Hoje eu percebi como dialogar pode dar vivacidade à minha alma...


Que delícia é dar uma arrancada pra frente!
Eu definitivamente me sinto como em tempos de mudança.

Talvez meus sonhos não sejam mais como um guarda-chuva contra um raio. Who knows?

Tuesday, October 21, 2008

só mais uma memória inexorável

Ouvir um dos melhores cds da minha vida me deixa excessivamente nostálgica. Talvez nem seja da banda que eu gosto tanto, nem do som que eles tocam, talvez seja simplesmente a época em que o escutei pela primeira vez, a melhor época da minha vida.


Ah, que saudade! E que vontade imensa de te abraçar...

Wednesday, October 08, 2008

insanidade

Não estou certa de como isso começou, não me lembro de datas, nem mesmo de circunstâncias, só o que sei é que aos poucos a minha inspiração se dissipou, e aquele brilho que antes era quase ofuscante quando voltado à meros olhos sensíveis, agora é turvo e indiferente. Eu costumava saber (ou achar que sabia) como é me sentir importante pra alguém, e eu me lembro de que eu tinha algum tipo de vício com relação a essa sensação. É, eu me lembro, embora não sinta mais nada que se compare àquilo desde... desde algum tempo que eu não consigo me recordar. Talvez eu tenha ficado mal acostumada demais enquanto eu ainda possuia a minha inspiração, a minha esperança. Talvez tenha sido isso... eu provavelmente escondia em meu interior uma pérfida (in)certeza de que essa sensação nunca iria me abandonar, de que eu estaria completa para sempre. O fato é que eu ainda não havia percebido quão traiçoeiro o mundo dos sentidos poderia ser, ou então, o quão conturbado o meu mundo psicológico poderia ser. Não posso negar que cada simples gesto emitido por humanos é relativo, já que não há nesse planeta duas cabeças que pensem da mesma forma e isso é um fato ao qual as pessoas já deveriam ter se acostumado, inclusive eu mesma. Provavelmente se as coisas fluissem desse modo, a existência da palavra "desabafo" seria desconhecida até hoje. Desabafo? Não, não é isso que eu preciso no momento e não é isso que eu tenho precisado há meses. O que eu preciso, o que eu preciso de verdade, é ter alguém por perto que me abrace ao invés de me dizer a cada três segundos que tudo vai ficar bem ou então que sabe como eu me sinto, porque por mais que a minha descrição seja nítida pra você, ela não é o suficiente pra mim. Eu não preciso de alguém que sinta a minha emoção, nem que tente tirar qualquer dor de dentro do meu peito caso ela exista, só o que eu preciso é de alguém por perto, que goste de ficar ao meu lado mesmo quando eu não estiver exalando litros de felicidade, alguém que não saia correndo quando visse rolar a primeira lágrima caindo de meus olhos. Caramba... eu tenho consciência de que eu sou um ser errante, sei muito bem disso, mas todos somos, não é? Será que esse indiferentismo e essa insensibilidade constante vai ser sempre assim, inalterável? Seres humanos não são feitos de pedra, não são máquinas. Então qual é o problema em demonstrar um pouco de sinceridade pra variar? Um pouco de humanidade? As vezes eu queria ser cega. Eu queria ser cega, surda e muda (e um pouco mais ignorante também). Assim, eu poderia me isolar dessa sociedade desvairada. Sei que viveria angustiada, na dúvida de como seria poder me comunicar com o "mundo exterior", mas pelo menos assim eu ainda teria esperança de que humanos poderiam ser seres admiráveis, ou no mínimo, descentes a ponto de merecerem algum vestígio de reconhecimento. Sabe, talvez eu deva adotar algum animal de estimação e esquecer esse discurso idiota...

Thursday, October 02, 2008

perspectivas sobre amor

"Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma idéia nossa. O onanista é abjecto, mas, em exata verdade, o onanista é a perfeita expressão lógica do amoroso. É o único que não disfarça nem se engana.As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha complexidade. No próprio ato em que nos conhecemos, nos desconhecemos. Dizem os dois “amo-te” ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia diferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstrata de impressões que constitui a atividade da alma. Estou hoje lúcido como se não existisse. Meu pensamento é em claro como um esqueleto, sem os trapos carnais da ilusão de exprimir. E estas considerações, que formo e abandono, não nasceram de coisa alguma – de coisa alguma, pelo menos, que me esteja na plateia da consciência. Talvez aquela desilusão do caixeiro de praça com a rapariga que tinha, talvez qualquer frase lida nos casos amorosos que os jornais transcrevem dos estrangeiros, talvez até uma vaga náusea que trago comigo e me não expeli fisicamente… Disse mal o escoliasta de Virgílio. É de compreender que sobretudo nos cansamos. Viver é não pensar."


- Bernardo Soares, heterônimo de Fernando Pessoa.