Tuesday, December 23, 2008

sabonetes?

Por alguns instantes cheguei a pensar que havia alguma coisa desconhecida e extraordinariamente aprazível acontecendo. Me enganei, é lógico. É sempre assim, sempre a mesma coisa. Eu já deveria ter me acostumado. Juro, essa ansiedade ainda vai acabar comigo. São só dez dias... dez dias que me fuzilam a cada minuto. Dez dias que a cada segundo se mostram mais e mais distantes: Inacessíveis. Falta pouco, eu sei, pouquíssimo. Mas esse pouco me prensa contra a parede ainda mais forte e profundamente do que todo esse tempo que tenho esperado, por que agora que tudo parece tão... tangível (ainda estou pensando em uma palavra melhor que essa), fica impossível não pensar em como vai ser. É até irônico lembrar de como eu tenho agido... um urso se hibernando dentro de uma caverna seria uma comparação apropriada, creio. A questão não é dar as caras na rua e mostrar que ainda circula ar nos meus pulmões, sair pra um bar com amigos ou qualquer outra coisa que as pessoas façam em prol de colocar suas respectivas vidas sociais em dia, não é isso. Hoje, mais do que nunca, eu consigo (e quero) dizer que conheço o que se passa aqui dentro. A verdade é que eu não ligo muito pra nada que se passa lá fora, e também não me importo com quão egocentrica essa frase possa parecer. Eu simplesmente não ligo e nem quero ligar. Pela primeira vez ao longo desses últimos quinze meses (!) eu me sinto bem não me importando com o mundo selvagem que me cerca, me sinto inteira, como se nunca houvesse faltado nada. Talvez de fato essa "falta" que um dia tanto me machucou não fizesse de fato parte de mim, fosse só uma lembrança forte, marcante, e dolorida que se impregnou em algum lugar remoto e escondido do meu psicológico a fim de que eu não conseguisse me desvencilhar de maneira alguma. Afinal, parece que entendi a que essa dor se assemelhava. Por mais esdrúxula que seja a minha analogia, é o mais próximo que consegui chegar. A dor era como uma pedra de sabonete gigante. Isso mesmo, sabonete! Daqueles excessivamente econômicos, que demoram milênios pra acabar. E assim como o sabonete, a minha dor só se fez ausente depois de muito se atritar comigo, lutando a cada tentativa minha de amenizar seu tamanho gigantesco. Parece que finalmente, depois de aproximadamente quatrocentos e cinquenta dias de existência (!!!) eu terminei de usar meu sabonete... Agora eu não sei se fico feliz por ele ter acabado ou se fico com um pé atrás pelo receio de receber outro ainda maior de presente no futuro. Mas quer saber? A vida é assim, não é? Infelizmente, eu não posso (e não vou) viver na fantasia por muito mais tempo, já que de um jeito ou de outro o meu caminho mudará drasticamente ano que vem. Sinceramente? Agora eu já estou calejada e foi-se a época em que eu era uma porcelana ambulante.

E que venham os sabonetes! Eu aguento o tranco.
Só mais dez dias... Só mais dez!

Saturday, December 20, 2008

sobre boicotes e acertos

Sei bem que nunca acreditei naquela conversa evasiva de que seres humanos são mutáveis: por mais que o tempo insista em passar, e as rugas jamais tardem a comparecer ao lado dos olhos e no pequeno espaço entre as sobrancelhas, aquela pessoa não mudou. Ela não mudou nem a maneira com que pegou uma caneta nas mãos pela primeira vez, quanto mais sua maneira de agir, de pensar, de enfrentar os fatos. Resumir a vida é muito mais simples do que parece, sabia? Olha só: você nasce, e aí começa a jornada. Começa bem, até. Fazendo amigos, aproveitando a infância ao máximo, sem querer saber de mais nada. Contudo, chega uma hora em que você reconhece que não são todas as pessoas com quem você topar que serão seus amiguinhos, não são todas que vão gostar de você. E aí você começa a apanhar e se refrear, se conter perante as pessoas. Perde a confiança em todo mundo. Anda sempre com um pé atrás, cria pré-conceitos sobre tudo, e fica sempre alerta pra toda e qualquer primeira impressão (caution: first looks can be deceiving). As intrigas começam a dar o ar da graça, e sem perceber você começa a se preocupar, prematuramente. Mas nem tudo são choros e lamúrias. Obviamente, as calamidades são inevitáveis, visto que ainda está pra nascer aquele que nunca na vida foi motivo de troça. Enfim... depois de algum tempo você passa a não se importar tanto com os amiguinhos que não gostam de você e começa a reparar no sexo oposto "que é muito mais interessante!". E então depois de alguns anos (ou décadas para os anormais / físicos assexuados - sem ofensas), o instante em que seu coração será quebrado, esmagado, triturado, estraçalhado (todos esses sinônimos se encaixam perfeitamente no contexto) pela primeira vez se faz presente. Passada a tempestade de lágrimas e socos invísiveis no estômago você jura com todas as forças que nunca mais irá se apaixonar, começa a dizer que amor é para os fracos e toda essa lenga lenga de corno manso querendo se justificar. E então, adivinha? Você se apaixona outra vez e cai com a cara no chão: agora é a hora de tentar se justificar novamente. "Com ela(e) vai ser diferente, agora eu encontrei minha alma gêmea!". Acredite, não vai demorar muito até que a filosofia do "Amor é para os fracos, homens (mulheres) são todos(as) iguais" seja aceita de volta. E a crise cíclica continua... Amor, ódio, amor, ódio, amor, ódio. A questão é que chega um hora em que nos cansamos de desilusões ou surpresas desagradáveis e... ahá! Aprendemos a viver. E então você liga o rádio na varanda, se deita na rede e fica lá tentando organizar as boas lembranças... Feliz e sem se arrepender delas, porque (obviamente) depois de tanto apanhar da vida você começa a deletar aquilo que não lhe convém. Bem, infelizmente, não podemos esquecer dos nossos queridos emos e sadomasoquistas, mas aí já é outra história....


(Qual foi mesmo o motivo desse texto?)

Thursday, December 18, 2008

sobre os princípios do Reiki

Só por hoje não vou me irritar
Só por hoje não me preocupo
Só por hoje sou grato
Só por hoje trabalho honestamente
Só por hoje sou boa com todos os seres vivos...

Só por hoje...
... a cada dia.


http://www.ab-reiki.com.br/reiki.htm




Isso tem me ajudado. E como.


brincando de escrever (viver)

Escreve, apaga, escreve, apaga, escreve, apaga. Escreve: já apaguei o suficiente por hoje. Não sei por que eu tenho estado tão estranhamente vazia pra escrever, já não tenho mais idéias formadas sobre quase nada. A verdade é que me desliguei do mundo, e isso não é bom, não é nada bom. Eu começo me desligando pelos aredoares e logo o black out será dentro de mim mesma. E bem, caso isso aconteça eu realmente não terei mais nada em que pensar ou argumentar sobre. Durante longos meses coloquei a culpa disso tudo sobre o vestibular, mas sei que não engano só a vocês, que lêem, mas a mim também. Vestibular pode ser uma fase delicada, que requer esforço e dedicação ao extremo, mas não é tudo na vida (e nem nunca foi uma prioridade...) e vai passar, assim como os bons e maus momentos que vivi: vai passar, não importa o quanto demore. E quais serão as recordações que eu terei comigo sobre essa época da minha vida? Pouquíssimas valem a pena serem lembradas, disso eu tenho certeza. E quando mais eu vou poder ter dezessete anos? Ao menos nessa vida eu tenho certeza absoluta de que "nunca" é a resposta. E o que eu fiz de memorável com essa idade? Me reservei dentro dos estudos, mesmo que muitas vezes tenha feito tal coisa pra esquecer fatos que não se incluem na minha futura (não importando a distância desse futuro) vida acadêmica, e caí em completo esquecimento quanto às minhas escolhas inconscientes. Agora, que me deparo com o fim de ano, eu fico feliz por ter acabado e isso me faz passar por sensações inusitadas: Qual o motivo da felicidade? Eu não tenho a menor idéia. Outro ano está pra começar e o que me faz ter certeza de que eu não vou buscar refúgios errôneos outra vez ao invés de encarar os fatos? Eu descobri o porquê de ter me escondido tanto... É uma mistura inconcebível de medo com orgulho, mas que não vale a pena tentar definir. Certa vez, eu li um texto e aquelas idéias fixadas à ele nunca saíram totalmente dos meus pensamentos, seu desfecho é alguma coisa do tipo: "Quando me deparei com aquela bala no meu peito, fechei os olhos e decidi que tinha duas escolhas a partir daquele momento: viver ou morrer. Decidi, irrevogavelmente, acatar a primeira opção". Não há dúvida alguma da escolha que faço nesse momento.





[Texto marcado como rascunho e publicado somente no dia 23/10/09]