Sei bem que nunca acreditei naquela conversa evasiva de que seres humanos são mutáveis: por mais que o tempo insista em passar, e as rugas jamais tardem a comparecer ao lado dos olhos e no pequeno espaço entre as sobrancelhas, aquela pessoa não mudou. Ela não mudou nem a maneira com que pegou uma caneta nas mãos pela primeira vez, quanto mais sua maneira de agir, de pensar, de enfrentar os fatos. Resumir a vida é muito mais simples do que parece, sabia? Olha só: você nasce, e aí começa a jornada. Começa bem, até. Fazendo amigos, aproveitando a infância ao máximo, sem querer saber de mais nada. Contudo, chega uma hora em que você reconhece que não são todas as pessoas com quem você topar que serão seus amiguinhos, não são todas que vão gostar de você. E aí você começa a apanhar e se refrear, se conter perante as pessoas. Perde a confiança em todo mundo. Anda sempre com um pé atrás, cria pré-conceitos sobre tudo, e fica sempre alerta pra toda e qualquer primeira impressão (caution: first looks can be deceiving). As intrigas começam a dar o ar da graça, e sem perceber você começa a se preocupar, prematuramente. Mas nem tudo são choros e lamúrias. Obviamente, as calamidades são inevitáveis, visto que ainda está pra nascer aquele que nunca na vida foi motivo de troça. Enfim... depois de algum tempo você passa a não se importar tanto com os amiguinhos que não gostam de você e começa a reparar no sexo oposto "que é muito mais interessante!". E então depois de alguns anos (ou décadas para os anormais / físicos assexuados - sem ofensas), o instante em que seu coração será quebrado, esmagado, triturado, estraçalhado (todos esses sinônimos se encaixam perfeitamente no contexto) pela primeira vez se faz presente. Passada a tempestade de lágrimas e socos invísiveis no estômago você jura com todas as forças que nunca mais irá se apaixonar, começa a dizer que amor é para os fracos e toda essa lenga lenga de corno manso querendo se justificar. E então, adivinha? Você se apaixona outra vez e cai com a cara no chão: agora é a hora de tentar se justificar novamente. "Com ela(e) vai ser diferente, agora eu encontrei minha alma gêmea!". Acredite, não vai demorar muito até que a filosofia do "Amor é para os fracos, homens (mulheres) são todos(as) iguais" seja aceita de volta. E a crise cíclica continua... Amor, ódio, amor, ódio, amor, ódio. A questão é que chega um hora em que nos cansamos de desilusões ou surpresas desagradáveis e... ahá! Aprendemos a viver. E então você liga o rádio na varanda, se deita na rede e fica lá tentando organizar as boas lembranças... Feliz e sem se arrepender delas, porque (obviamente) depois de tanto apanhar da vida você começa a deletar aquilo que não lhe convém. Bem, infelizmente, não podemos esquecer dos nossos queridos emos e sadomasoquistas, mas aí já é outra história....
(Qual foi mesmo o motivo desse texto?)
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